[TRADUÇÃO] Por dentro da BTS-Mania: Um dia na vida das estrelas de K-pop.
- Army 24 Horas
- 8 de jan. de 2018
- 8 min de leitura

Os gritos começaram pouco antes da esteira de bagagens, quando o primeiro sinal de um cabelo roxo-acinzentado apareceu por trás de uma parede de seguranças que separavam a maior boy-band coreana do mundo, na história, de seus fãs. Em meio a histeria os sete homens de expressão angelical do BTS atravessaram o aeroporto de Los Angeles cercados por trens humanos de homens corpulentos usando uma camisa amarela onde dizia "Event Staff" (Staff do Evento). Os garotos sorriram, acenaram e, com a eficiência da realeza britânica, passaram por uma centena de mulheres jovens e adolescentes em Escalades* pretos, seu portal ao mainstream americano.
Estamos no meio de novembro e o BTS voou até aqui da Coreia do Sul, impulsionados pelo fervor de seus admiradores, um grupo diverso que se auto-nomeia A.R.M.Y (abreviação de "Adorable Representative M.C for Youth" , em português, Adoravel M.C representante da juventude). A banda está aqui para uma séria de aparições de alto calão na TV: Eles vão do aeroporto para o James Corden e Jimmy Kimmel no dia seguinte, então eles irão encontrar Ellen Degeneres, que irá comparar a chegada deles nos EUA á aquela dos Beatles, em 1964. Porém BTS está na cidade principalmente pra performar seu hit "DNA" no American Music Awards – uma performance que irá parar no Google trend topics e entrar no Guinness Book por record de engajamento no Twitter.
O líder do grupo, RM, tem 23 anos e é palpadamente ambicioso, comparou essa viagem tempestuosa* com " como estar surfando uma grande onda" . Porém, as 9 da manhã do dia seguinte a chegada do BTS a vibe era mais como "aparecendo para o trabalho". Nós estávamos em um estúdio de ensaio quando os representantes do AMAS apareceram para tirar fotos promocionais no estacionamento. O alegre J-Hope, 23 anos, MC e uma vez campeão de dança de rua, anda com seus braços abertos gritando "whoaa". Os outros andam com menos alvoroço e fazem turnos para se arrumar, no asfalto, por uma equipe de estilistas também de Seoul.
E tem o Jimin, 22, o mais bonito e também o mais travesso, um ex-aluno de dança moderna que está atualmente barbeando seu queixo em quanto uma mulher segura um espelho. O permanentemente inocente, V, tem 21 e é outra criança de uma escola de arte que fez seu debut na TV em um drama histórico coreano ano passado (2016), tem seu cabelo acinzentado escovado e repartido. Um homem usa uma pinça pare retirar algo dos dentes de Suga, que assim como RM começou sua carreira como um rapper underground. O vocalista principal, Jungkook, 20, um belieber devoto que se juntou ao BTS quando tinha 15 anos, ganha delineador nos olhos. Enquanto isso, o cantor Jin, 25 anos, um aspirante a ator tão bonito que foi chamado por um agente de boy-bands em quanto andava na rua, mistura-se silenciosamente através da agitação. Sua equipe é enorme, perdi a conta lá pelos 30. Existem managers, publicitários, um massagista, o interprete, pessoas com câmeras, guardas não sorridentes e um número grande de motoristas com fones auriculares.
De volta a Coreia, a esse ponto BTS está apenas quebrando seus próprios recordes – de views no youtube, pré-venda de albums e posições nos charts – e isso está se espalhando para os outros países. Seu recente mini-album, Love Yourself: Her, que contém uma música co-produzida por Andrew Taggart da dupla The Chainsmokers, ficou em 1 no Itunes em 73 países, e o BTS se tornou o primeiro grupo de pop coreano a adentrar o mainstream Americano, com o seu remix de Mic Drop em parceria com Steve Aoki que recentemente adentrou o top 40.
"Nós somos tão sortudos por estarmos vivendo nessa época, em 2017", diz RM, o único que consegue seguir com uma conversa em inglês. "Quando nós postamos um tweet, isso é traduzido em mais de 30 línguas" A letra do grupo – que é praticamente inteiramente em coreano mas com opções de legenda no youtube e traduzida por sites como Genius – é uma grande parte de seu sucesso internacional. As músicas do BTS levam como tema depressão e ansiedade. Eles promovem ideais sociais progressistas como empoderamento feminino e aceitação de pessoas de diferentes origens. Eles ainda abordam o desconforto interno de ter de abandonar outros caminhos mais seguros pra se tornarem "idols", como estrelas do kpop são chamadas.
Os fãs do BTS apreciam a empatia da banda, honestidade, e independência – temas que estão particularmente em demanda esses dias entre a audiência de pop ocidental. Além disso, BTS sagazmente passa suas mensagens por meio de produções ultra-modernas (frequentemente feita pelos próprios membros) que devora todo tipo de EDM e R&B – pense em Major Lazer, Justin Bieber, DNCE, Logic, the Chainsmokers, Nick Jonas – e terá um pastiche* cativante e um pouco inclinado.
Após o photoshot os garotos foram praticar sua rotina do AMAS. Desde o inicio do assobio de "DNA" eles são como uma mente unificada, um organismo de vários membros. Jin, que normalmente parece que estar inquieto, implementa olhares e movimentos de mãos precisos. Eles relaxam um pouco – Jimin agarra a bunda do Jungkook depois de executar um giro de ballet – mas estão em sua zona. Uma hora depois, as 10:40 eles estão bebendo água e sendo refrescados por mulheres que usam todo seu corpo para abana-los com abanadores de papel com a cara dos próprios meninos estampadas. Jin rapidamente cochila em uma cadeira de rodinhas mas é logo acordado pelo massagista que quer usar os cotovelos para massagear seus ombros; Jin estremece quando ele o faz. Minutos depois V está gritando de dor, a boca bem aberta em quanto um especialista* trata de uma afta na parte interna de sua bochecha. Mais tarde RM irá dançar com seu nariz escorrendo sangue – consequência do longo voo e constante agitação. Hambúrguer e fritas para um almoço um pouco mais cedo parece não compensar, mas eles comem com êxito.
BTS, um acrônimo para Bangtan Boys (“Bulletproof Boy Scouts” em Coreano), foi formado inicialmente por RM e finalizado via audições. O grupo foi montado por uma pequena empresa — Big Hit, comandada pelo compositor “Hitman” Bang Si Hyuk, que ajudou a fundar uma das agências também chamadas de Big Three, JYP, antes de deixá-la para trás — os dando uma aparência de underdog*. E enquanto BTS passou pelo famoso sistema rigoroso do Kpop, vivendo juntos em dormitórios e treinando constantemente, RM conta que Big Hit os oferecem uma relativa quantidade de liberdade artística. Com perspicácia, e uma virada única no meio do Kpop, BTS construiu mitologias entre seus álbuns, como o lançado ano passado, Wings, do qual o tema foi embasado no romance de formação Demian (1919) de Hermann Hesse. O conceito aparece nas letras, arte e vídeos.A forma exata que esses sub-roteiros tomam é indefinida, mas é provável que RM, qual lê atores de grande efeito como Haruki Murakami e Albert Camus, esteja envolvido.
“Nós tentamos criar o nosso próprio contexto para o BTS”, ele diz. “Talvez seja arriscado trazer inspirações de romances tão antigos, mas eu acredito que seja mais recompensador. Ele vem como uma pequena caixa de presente para nossos fãs. Isso é algo que você não acha com facilidade em artistas Americanos,” Antes, ele compara com Star Wars.
“A grandiosidade sobre criar nosso próprio universo é a possibilidade de expansão,” complementa Suga, o membro mais contemplativo do grupo, via interprete. “Por ser criado com base nas nossas vidas pessoais e interesses, nós podemos expandi-lo o quanto quisermos e não é algo fora do comum pra nós. Ter isso nos proporciona mais diversidade nas estórias que podemos contar e nas músicas que podemos criar.”
Eles se sentem livres o suficiente para escrever sobre a política coreana? RM diz que estão trabalhando em uma música que o faz de forma sutil, mas Suga alerta que o assunto “é carregado de perigo, não de forma literal, mas pelo risco de ser mal compreendido pelos mais jovens que talvez não tenha as sensibilidades completamente desenvolvidas”. Ele preferiria focar em promover conhecimento do que a “incitar conflitos”. O resto do grupo permanece em silêncio durante nossa entrevista exceto para gritar ARMY e admitir que estão ansiosos para oportunidades de colaboração. Como J-Hope coloca, “Seria uma honra para nós trabalhar com qualquer pessoa.”
RM diz que, ao invés de quebrar mais recordes, a missão do grupo é promover individualidade, o que não é encorajado em seu país de origem. ''Especialmente na Coréia, há todos esses padrões: Se casar, ir para uma boa universidade". Como eles vão espalhar essa mensagem? Ele sorri. ''Com melhores musicas e performances mais incríveis''.
Após esgotar arenas na Califórnia, Chicago e New Jersey, BTS está planejando uma turnê maior nos EUA em 2018. Eles estão em um território inédito. Diferente do PSY, o sucesso deles aqui não veio de um hit momentâneo — o crescimento Americano deles foi gradual e não mostra sinal de regresso. Enquanto no passado eles negaram a ideia de um álbum em Inglês, RM cantou versos em Inglês no remix do Fall Out Boys e na colaboração com Wale ano passado.
1:30 da tarde é a hora de se preparar para o Kimmel. Eu segui BTS do estúdio de dança até a sala perto do camarim. Há uma mesa dobrável coberta de brincos prateados, colares chamativos e uma variedade de brincos para escolher. No chão há um saco plástico jogado com a identificação dos slides da Puma. Depois do cabelo pronto e as roupas ajustadas, eles entram em 4 Escalades sem muita algazarra .
Quando nossa caravana passa pela Hollywood Boulevard e vira em uma estrada pequena que leva até o estúdio do Kimmel e o palco ao ar livre, nós os vemos: mais de mil fanáticos por BTS que explodem quando nos veem. Eles têm esperado por horas. O produtor de músicas da Kimmel , Mac Burrus, mais tarde me diz que um grupo de 5 adolescentes passaram 2 noites lá fora, na rua, em sacos de dormir.
Na sala verde, há finalmente um tempo de descanso. Suga e Rm comem bananas. Jin joga seu Nintendo Switch. Jungkook e J-Hope deitam com sono um por cima do outro no sofá. V deita no chão para que o massagista assassino quebrador de ossos coloque seu pescoço no lugar antes de se sentar no sofá para fazer um stream de ''Carpool Karaoke''. Lá pelas 4 da tarde, produtores trazem um par de mães ARMY's para uma enquete onde elas provocam suas filhas, que continuam na linha, via FaceTime do BTS'inner sanctum. As filhas eventualmente voltam e eu as pego para uma conversa. As duas descobriram BTS pelo YouTube. Adriana, 24 anos, está aprendendo coreano sozinha ''Devagar mas vou conseguir'' para que ela possa ouvir os meninos na sua própria língua. Rosa, 18 anos, insiste ''A Língua não é uma uma barreira quando se trata de música''. As 6:20 da tarde, BTS é levado para o palco. Dos bastidores, parece que há uma montanha russa cheia de passageiros gritando do outro lado. Uma staff corpulento caminha sorrindo, murmurando, ''Isso é uma loucura''. De onde eu estava eu vi a banda tocar 6 músicas que inspirou em rostos amontoados e lágrimas. Para Save Me a plateia preparou um legitimo fanchant de Kpop, gritando o nome dos membros na ordem de nascimento em perfeita sincronia. Eu quase não podia ouvir a música, então eu só fui perceber próximo do final que eles não usavam nenhum tipo de MR, como uma banda americana ou inglesa faria – Eles cantaram e fizeram rap em cada pequena parte da música em quanto estavam constantemente dançando.
Quando tudo acabou logo após as 7 da tarde, um exausto J-Hope desabou no asfalto, fora da vista da multidão e de sua equipe, respiração descompassada e olhos arregalados. Depois de 30 segundos ele se levanta e se apressa para se juntar aos outros membros do BTS que estão desaparecendo em direção ao camarim. Conforme ele vira na última esquina, uma voz ecoa, "Ai meu deus! O J-Hope olhou pra mim!"
Esse artigo é original da Revista Rolling Stone, isso é apenas uma tradução: Source.
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